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The Crew 2: Review do jogo de carro mais esperado do ano

Games de corrida sempre fizeram parte da minha vida, moldando não apenas meu constante apreço pela alta velocidade virtual, mas também um gosto musical variado que acompanha o ritmo das corridas. Eis que, em 2014, The Crew foi lançado, porém esse não só falhou em atingir minhas expectativas, como também me decepcionou como um todo. Além de ser mal recebido por mim enquanto jogador, também não teve boa recepção da mídia especializada em geral.

No entanto, uma sensação diferente surgiu com o anúncio de The Crew 2, durante a E3 2017. Algo entre esperança, receio e o famoso “vamos esperar para ver”. O título da produtora francesa Ivory Tower, da Ubisoft, chegou com uma proposta muito ambiciosa: fazer do jogador o “rei de todos os motorsports”. Embora tal premissa possa parecer muito ambiciosa para uma franquia que começou com o pé esquerdo, The Crew 2 honra boa parte das suas promessas, e o faz de forma divertida.

Motornation, o Estados Unidos de The Crew 2, é gigantesco e tem muito a oferecer, não apenas nos quesitos geográfico e dimensional, mas também em atividades. Há corridas com quase todos os tipos de veículos motorizados, incluindo carros, motos, aviões, barcos, e mais. Esses veículos variados encaixam-se em “disciplinas”, que estão presentes em “famílias”: Street, Offroad, Pro e Freestyle. Por exemplo, na família Freestyle (que preza a aquisição de pontos usando a criatividade do piloto), há as disciplinas Jetsprint, Aerobatics e Monster Truck. Explicar cada uma delas individualmente levaria muito tempo e não serviria ao propósito deste texto. Com isso, The Crew 2 certamente não se limita a corridas baseadas em chegar em primeiro lugar, mas também abre portas para estilos competitivos diferenciados — um dos pontos altos do game.

Dentro da família Street Race, encontrei certo conforto, já que estive acompanhado de corridas desse gênero desde criança, e entendia previamente a forma como se corre em ruas estreitas, cortando por calçadas e surrealmente derrubando postes como se fossem pequenos galhos de uma árvore apodrecida. Entretanto, não interprete essa familiaridade com falta de desafio. Desafio é o que não falta no game, e superá-lo é algo que infla o ego positivamente. Em apenas uma ou duas das corridas de The Crew 2 obtive uma vantagem significativa em 1º lugar para conseguir desacelerar nas curvas sem preocupação. No restante delas, os competidores sempre estavam na minha cola. Quando não havia outros pilotos, os rigorosos adversários eram pontos ou então o tempo.

Em busca do tal desafio mencionado anteriormente, decidi iniciar a jornada com a família Offroad, algo com o qual eu possuía pouca experiência e medo de falhar. Surpreendentemente me vi com bom desempenho em modalidades que eu não imaginava, e mais do que isso, uma real sensação de progressão pelo jogo. Embora o game não tenha foco na narrativa — optando por trazê-la apenas em trechos como prerrogativas para as corridas em si –, os pequenos vídeos e diálogos com os esquecíveis personagens (sim, mesmo os “chefões” de cada família não têm personalidades memoráveis) foram o suficiente para manter meu espírito competitivo aceso. Como consequência, me vi continuamente motivado a sempre melhorar meus veículos. Em The Crew 2, são as peças que definem os veículos, de forma que é possível adquirir o veículo mais barato e mais fraco de uma categoria, e evoluí-lo para tornar-se tão bom quanto o melhor. No entanto, isso exige um esforço adicional, já que, com tal atitude, você começaria um passo atrás.

Apesar do contínuo progresso no Offroad, senti-me um pouco cansado do cenário lamacento e do balanço dos veículos no terreno acidentado após algumas horas consecutivas nessa categoria. Felizmente, além do desafio, também não falta opção em The Crew 2. Dessa vez, sem me limitar, joguei e vivenciei intensamente cada uma das disciplinas. Encontrei paz em Aerobatics, em que é necessário fazer acrobacias aéreas para adquirir pontos, apreensão em corridas de Motocross (algo que eu definitivamente não peguei o jeito), concentração nas curvas calculadas e precisas de Touring Car e adrenalina nas trocas de tinta de Street Race. Essa variação de gêneros — que é necessária, já que há corridas em que eles se misturam — mantém o jogo vivo por bastante tempo e o jogador com vontade de retornar ao Motornation.

E talvez um dos maiores destaques de The Crew 2 é o próprio Motornation. O país fictício baseado nos EUA é imenso — em uma corrida de hiper carros, demorei por volta de 45 minutos para cruzá-lo de costa a costa — e há muito o que explorar, além de passar a sensação de que é um mundo vivo que funciona caso você esteja ali ou não. A exploração, inclusive, é facilitada pela função de troca rápida entre veículos: você seleciona um favorito para locomoção terrestre, outro aéreo e outro aquático.

No entanto, o game peca em verdadeiramente estimular essa exploração. Com a mecânica de viagem rápida entre as cidades (por meio dos ícones de atividades), há uma redução drástica no tempo que demoraria para chegar a outro ponto do país. Há pouco o que fazer navegando livremente. Apenas dois objetivos me motivaram a passar um pouco do meu tempo sem rumo e com o pé no acelerador: a aquisição de novos itens que aparecem aleatoriamente e o modo fotografia. Além da natural vontade de registrar paisagens belíssimas, o modo fotografia também recompensa o piloto por fotografias especiais, como a captura de um momento ao lado de um alce, ou então voando de ponta-cabeça no Grand Canyon. Veja algumas das fotos tiradas abaixo:

Claro, não há como deixar de falar dos diversos veículos em The Crew 2. Embora haja um catálogo considerável, não há porquê trocar de máquina no game: você sempre precisa adquirir um correspondente a uma disciplina para liberar atividades, mas como a progressão dos veículos se dá pelas peças, não há motivo para desembolsar dinheiro apenas para trocar essas peças e deixar o novo veículo (cujo desempenho é melhor na loja) no mesmo nível do seu atual.

Consequentemente, a afeição “forçada” pelos veículos em sua posse torna-se motivo para experimentar a customização. Nem todos os veículos podem ter partes trocadas, como para-choque ou para-lama; porém o destaque vai para os adesivos. Além de pintá-los, é possível criar novas estampas para os seus veículos, ou então usar modelos que foram publicados online por outros usuários. Algumas das artes são tão boas que perde-se a vontade de investir tempo em criar a sua própria, já que é mais fácil adquirir as disponíveis (e provavelmente elas são mais bonita do que a minha seria).

Ao que The Crew 2 não faz jus é o próprio nome. Há pouco incentivo para tornar-se parte de um crew, ou equipe — inclusive, a sensação é que o game é completamente single-player (e pode ser). Eventualmente, encontra-se outros jogadores correndo adoidadamente pelo mapa, porém não há motivo para interagir além de uma buzinada ou um voo sincronizado de alguns segundos. Durante a jogatina, encontrei um amigo, o convidei para meu time e participamos de algumas atividades juntos. Entretanto, essa experiência não pareceu diferente das que eu faria individualmente, e logo retornei à solidão.

Tecnicamente, The Crew 2 funciona muito bem, salvo algumas telas de carregamento estupidamente demoradas, como a de iniciação do jogo ou então durante a viagem rápida para casa. Há alguns bugs, como veículos travando em locais apertados (isso aconteceu apenas durante a exploração), animais que correm sem encostar no chão, e um chefão que começou a dar “zerinho” no meio da corrida e, consequentemente, perdeu para meu piloto (essa é uma das corridas que mencionei anteriormente, em que ganhei com folga).

Quem deve jogar esse game?

Qualquer aficionado por velocidade que não exige uma narrativa interessante vai se divertir jogando The Crew 2. A constante sensação de desafio e a crescente popularidade de seu piloto também são pontos atrativos para quem gosta de ser o melhor dos melhores. Quem quiser competir por céu, terra ou água certamente tem um lugar guardado em Motornation.

O VEREDICTO

The Crew 2 faz o que seu antecessor de 2014 não fez: oferecer um game de corrida genuinamente divertido e que funciona fluidamente. Além de alguns bugs — sendo que poucos atrapalham a jogabilidade e devem ser corrigidos em breve — o único impedimento técnico no game é referente às demoradas telas de carregamento. O título completamente online da Ivory Tower traz diversas opções de atividades para os pilotos em ascensão, porém falha em estimulá-los a explorar o grandioso e belíssimo Motornation — provavelmente seu maior destaque — por vontade própria. Abrindo mão de uma boa narrativa, o jogo investe em uma variedade de corridas, veículos e a contínua sensação de progressão.

FONTE: IGN