O que é TPM 2.0? Entenda por que jogos como Call of Duty e Battlefield exigem o recurso
Sabe quando você está com tudo pronto para o fim de semana? O download do novo Call of Duty: Black Ops 7 ou do Battlefield 6 finalmente terminou, os amigos já estão no Discord, e você clica em “Jogar”. E então, o desastre: uma mensagem de erro fria, estranha, falando algo sobre “TPM 2.0” ou “Secure Boot”.
Seu primeiro instinto é culpar o bug do jogo. Mas a verdade é um pouco mais complexa.
Isso não é um erro; é um requisito. E acredite, você não é o único. Essa dupla de nomes estranhos virou a nova barreira de entrada para os maiores jogos de tiro do planeta, e a culpa, como quase sempre, é dos cheaters.
Como especialista em conteúdo de jogos e alguém que vive fuçando em hardware, eu vou te explicar o que diabos é isso, por que isso está acontese tornou padrão.
A Guerra Fria contra os Cheaters
Para entender por que seu jogo agora se importa com a sua BIOS, você precisa entender o inimigo.
Os hacks de hoje não são mais aqueles programinhas simples de antigamente. Os cheats modernos, como aimbots e wallhacks, são softwares incrivelmente sofisticados. Para não serem pegos pelos anti-cheats, eles se escondem nas camadas mais profundas do seu computador, no mesmo nível do seu sistema operacional – o que chamamos de “nível kernel”.
Eles rodam antes mesmo do anti-cheat ser ativado, tornando-se “invisíveis”.
A resposta da indústria? Se o cheater vai mexer no “porão” do sistema, o jogo só vai rodar se o porão estiver trancado e verificado. É aqui que entram os nossos novos “amigos”.
O que Diabos é TPM 2.0?
Vamos sem “tecniquês”. Pense no TPM (Trusted Platform Module) como um cofre blindado minúsculo, embutido no seu processador ou placa-mãe.
A função desse cofre é guardar coisas ultra-secretas, como chaves de criptografia e senhas, num nível de hardware. A versão 2.0 é apenas a mais moderna e segura.
No contexto dos jogos, o TPM 2.0 funciona como um “notário”. Ele consegue verificar e atestar que o seu sistema está “limpo” antes do Windows carregar. Ele basicamente carimba um selo dizendo: “Pode confiar, nenhum software estranho mexeu nos arquivos de inicialização”.
E o que é o Secure Boot (Inicialização Segura)?
Se o TPM é o cofre, o Secure Boot (Inicialização Segura) é o segurança na porta da boate.
Ele é uma função da BIOS/UEFI do seu PC que, ao ligar, verifica uma “lista VIP”. Nessa lista, só entram softwares confiáveis e com assinatura digital, como o Windows oficial ou um driver da NVIDIA.
Se um cheat disfarçado de “driver” tenta furar a fila e carregar junto com o sistema, o Secure Boot o barra na porta e, em muitos casos, o PC nem liga direito.
A Sinergia: Juntos, o Secure Boot garante que só o “Windows limpo” inicie, e o TPM 2.0 atesta para o servidor do jogo que esse processo foi feito corretamente e sem adulteração.
A “Culpa” é (também) da Microsoft
Se essa conversa toda soa familiar, é porque é. A Microsoft já tinha arrumado essa “confusão” quando tornou o TPM 2.0 e o Secure Boot requisitos obrigatórios para o Windows 11.
A lógica deles era a mesma: segurança. Criar um sistema operacional que fosse fundamentalmente mais difícil de ser atacado por malware e rootkits.
O que a indústria de games fez? Basicamente, olhou para essa infraestrutura de segurança que a Microsoft “forçou” o mercado a adotar e pensou: “Opa, podemos usar isso”.
Quais Jogos Estão Exigindo Isso?
A lista está crescendo e só envolve jogo pesado:
- Valorant: O pioneiro. O anti-cheat Vanguard da Riot Games foi um dos primeiros a exigir o TPM 2.0 para quem joga no Windows 11.
- Call of Duty (Moderno): A Activision confirmou. A exigência começou a aparecer por volta de agosto de 2025 (Temporada 05). Agora, para jogar o Beta e o lançamento do Call of Duty: Black Ops 7, ambos (TPM 2.0 e Secure Boot) são obrigatórios.
- Battlefield 6: A EA e a DICE seguiram a tendência. O beta do jogo já exigia a dupla de segurança para liberar o multiplayer.
Essa é a nova regra do jogo para os grandes shooters competitivos.
O Efeito Colateral: Quem Fica para Trás?
Essa nova “muralha” é fantástica para quem sonha com um lobby limpo. Mas, na prática, ela cria duas vítimas colaterais bem claras:
- Jogadores com PCs Antigos: Se seu PC foi montado antes de 2016-2019, há uma chance real de ele simplesmente não ter um TPM 2.0. Mesmo que você tenha uma GTX 1080 Ti rodando tudo, se a placa-mãe for antiga, você pode ficar de fora.
- A Galera do Linux: Esse é um golpe duro. Jogar no Linux já era difícil por causa de anti-cheats a nível de kernel que não dão suporte. Agora, com uma exigência tão atrelada ao ecossistema Windows, a porta parece estar se fechando de vez para esses títulos.
“Ok, me convenceu. Como eu ativo essa coisa?”
A boa notícia: 90% dos PCs dos últimos 5-6 anos TÊM TPM 2.0. Ele só está, provavelmente, desativado na sua BIOS.
Calma, não entre em pânico. Você não precisa de um diploma de engenharia, mas vai ter que mexer na “tela azul” de configuração do seu PC.
Passo 1: A Verificação Rápida
Vamos ver se você já está com tudo certo.
- Para o TPM: Pressione a tecla Windows + R. Digite
tpm.msce dê Enter.- Seu objetivo: Ver o “Status” como “O TPM está pronto para uso” e a “Versão” como “2.0”.
- Seu pesadelo: Ver a mensagem “Não é possível localizar um TPM compatível”. (Calma, vamos arrumar isso).
- Para o Secure Boot: Pressione a tecla Windows e digite
msinfo32. Dê Enter.- Seu objetivo: Na lista, procurar por “Estado da Inicialização Segura” (ou Secure Boot) e ver “Ativado”.
- Seu pesadelo: Ver “Desativado” ou “Sem suporte”.
Se ambos estiverem “ok”, parabéns. Se não, é hora de reiniciar o PC.
Passo 2: A Missão na BIOS/UEFI
Reinicie o computador e, assim que ele ligar, fique pressionando a tecla DEL ou F2 (varia por fabricante) para entrar na BIOS.
Aviso: Você está entrando nas configurações avançadas. Não mude nada além do que listamos aqui. A Activision e nem eu nos responsabilizamos se você mexer onde não deve.
- Ativando o TPM 2.0:
- O nome muda. Procure em abas como “Security” ou “Advanced”.
- Em placas Intel: O nome é “PTT” (Intel Platform Trust Technology). Mude para Enabled (Ativado).
- Em placas AMD: O nome é “AMD fTPM” (Firmware TPM). Mude para Enabled.
- Ativando o Secure Boot:
- Procure pela aba “Boot” ou “Security”.
- Encontre a opção “Secure Boot” e mude para Enabled.
- Possível Problema: O Secure Boot só funciona se o seu Windows estiver instalado em modo UEFI e com o disco em formato GPT. Se o seu disco for MBR (um formato mais antigo), você terá que convertê-lo primeiro, o que é um processo mais arriscado.
- Salve e Saia: Pressione F10 para salvar as mudanças e reiniciar.
“Eu fiz tudo isso e o Call of Duty AINDA dá erro!”
Sim, existe um “bug” chato. Às vezes, especialmente em placas AMD, mesmo com tudo ativado, o jogo não reconhece. A solução para isso é, infelizmente, a mais temida: atualizar a BIOS da sua placa-mãe.
Esse processo é mais delicado. Você precisa ir ao site da fabricante da sua placa-mãe (ASUS, GIGABYTE, MSI, ASRock, etc.), baixar a última versão da BIOS para o seu modelo exato e seguir o tutorial deles. Se você não se sente o “Tech Jesus” para fazer isso, peça ajuda a um técnico de confiança.
O Futuro é (In)Seguro?
Goste ou não, essa é a nova realidade. O TPM 2.0 e o Secure Boot são os novos NPCs de segurança na porta do seu jogo favorito.
É um pequeno sacrifício de compatibilidade em nome de uma segurança muito maior e, com sorte, de lobbies mais limpos. O tempo de ligar o PC e apenas clicar em “jogar” está sendo substituído por um checklist de segurança. É chato? Sim. Mas se isso significar menos cheaters estragando a nossa diversão no fim de semana, talvez seja um preço que estamos dispostos a pagar.

Amante de jogos digitais e estudante de Marketing, criei esse site para compartilhar toda a minha experiencia em games com as novas gerações.

